O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir.
Milton Santos |
Visão geral
A geografia é uma ciência que estuda a relação entre a terra e seus habitantes.
A palavra "geografia" vem do grego geographía (γεογραπηία), que significa: descrição da Terra.
A geografia depende muito de outras áreas para obter informações básicas, especialmente em alguns ramos especializados, isto é, da relação entre os seres vivos e seu meio ambiente.
Ontologia trata do "ser enquanto ser"
Ratzel afirma que a Geografia estuda as relações recíprocas entre sociedade e meio, entre a vida e o palco de seus acontecimentos. Porém o determinismo foi uma teoria reducionista do pensamento do alemão Friedrich Ratzel, que dizia que o meio influencia, mas não que determinava o homem. muito provavelmente esta teoria tenha sido criada por políticos e militares de uma classe hegemônica-dominante-europeia para justificar a exploração em suas colônias.
Tanto que para os geógrafos mais esclarecidos, o possibilismo de Vidal de La Blache (teoria que vem a dizer que o homem tem a possibilidade de intervir no meio), seria na verdade uma complementação, uma continuação da teoria de Ratzel e não uma oposição, como a maioria enxerga e ensina, de forma simplista.
Filósofos que buscaram criar uma ontologia (conceito) marxista, como Georg Lukács, influenciaram a construção de um modelo de análise do objeto da Geografia.
Milton Santos se debruçou sobre a construção de um modelo ontológico, explicitado na análise dialética do movimento da totalidade para o lugar.
Princípios básicos
O estudo da geografia compreende quatro linhas de investigação principais. São elas:
- a localização de acidentes geográficos, localidades e povos;
- a descrição das diversas partes do mundo e o estudo das diferenças existentes entre elas;
- a explicação da origem dos diferentes acidentes geográficos do globo terrestre;
- o estabelecimentos de relações espaciais entre os acidentes e regiões.
Localização
Uma das principais tarefas da geografia é dizer onde se situam as diferentes localidades do mundo e interpretar as vantagens e as desvantagens da localização. Assim que o homem começou a se afastar dos limites da sua casa, precisou medir as distâncias e registrar essas medidas.(mapas)
Relações espaciais
Os geógrafos limitam seu estudo às relações espaciais entre os pontos da Terra. Por exemplo, estudam como crescimento de uma cidade dependeu de um rio, e como a água do rio foi afetada pela cidade. Os geógrafos encaram os seres humanos em suas relações espaciais, assim como os historiadores vêem a vida humana em suas relações temporais.
História do pensamento geográfico
A história do pensamento geográfico se inicia com:
a) Com os gregos, os quais foram a primeira cultura conhecida a explorar activamente a Geografia como ciência e filosofia, sendos os maiores contribuintes Tales de Mileto, Heródoto, Eratóstenes, Hiparco, Aristóteles,Estrabão e Ptolomeu.
b) A cartografia feita pelos romanos, à medida que exploravam novas terras, incluía novas técnicas.
c) Durante a Renascença e ao longo dos séculos XVI e XVII, as grandes viagens de exploração reavivaram o desejo de bases teóricas mais sólidas e de informação mais detalhada.
Exemplo: O mapa-mundo de Gerardo Mercator
d) Durante o século XVIII, a Geografia foi sendo discretamente reconhecida como disciplina e tornou-se parte dos currículos universitários.
Nos séculos 19 e 20 a Geo passou por 04 fases importantes:
1) Determinismo geográfico:
Defendia que as características dos povos se devem à influência do meio natural. Ou seja o meio determina o homem. Deterministas proeminentes foram Carl Ritter, Ellen Churchill Semple e Ellsworth Huntington.
2) Geografia regional:
Representou a reafirmação de que os aspectos próprios da Geografia eram o espaço e os lugares.
Os geógrafos regionais dedicaram-se à recolha de informação descritiva sobre lugares, bem como aos métodos mais adequados para dividir a Terra em regiões (criando uma visão reducionista). As bases filosóficas foram desenvolvidas por Vidal de La Blache e Richard Hartshorne.
3) Revolução quantitativa:
Foi a tentativa de a Geografia se redefinir como ciência. Os revolucionários quantitativos, declaravam que o propósito da Geografia era o de testar as leis gerais do arranjo espacial dos fenômenos. Adotaram a filosofia do neopositivismo ou positivismo lógico das ciências naturais (marcado por uma postura anti-metafísica. Sabendo disso, podemos entender que os principais pseudo-problemas citados por eles são os problemas metafísicos, como, por exemplo, a existência de um mundo sobrenatural. Segundo eles, problemas como esses não tinham significado e, por isso, não poderiam ser investigados; debater sobre eles seria inútil) e viraram-se para a Matemática - especialmente a estatística - como um modo de provar hipóteses. A revolução quantitativa fez o trabalho de campo para o desenvolvimento dos sistemas de informação geográfica.
Neste caso, é bom lembrar que a geografia em seu início com Humboldt, Ratzel, Ritter, La Blache, Hartshorne e outros já se utilizava de métodos positivistas ( os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética) , e a mudança de paradigma que ocorreu com a matematização do espaço foi a da inclusão da informática para a quantificação dos dados, pelo método neopositivista, por volta dos anos 1950 no Brasil.
4) Geografia radical.
O primeiro sinal do surgimento da Geografia Radical foi a Geografia Humanista. A partir do Existencialismo e da Fenomenologia, os geógrafos humanistas (como Yi-Fu Tuan) debruçaram-se sobre o sentimento de, e da relação com, lugares. Mais influente foi a Geografia Marxista, que aplicou as teorias sociais de Karl Marx e dos seus seguidores aos fenómenos geográficos.
A Geografia feminista é, como o nome sugere, o uso de ideias do feminismo em contexto geográfico. A mais recente estirpe da Geografia Radical é a geografia pós-modernista, que emprega as ideias do pós-modernismo e teorias pós-estruturalistas para explorar a construção social de relações espaciais.
Quanto ao conhecimento geográfico no Brasil, não se pode deixar de observar a grande importância e influência do Geógrafo mais reconhecido do país seguido de Aziz Ab'Saber e seu pioneirismo, não por profissão, mas por méritos, Milton Santos. Com várias publicações, Milton Santos, tornou-se o pai da Geografia Crítica que faz análises e fenomenológicas dos fatos e incidências de casos. Isso é importante, visto que a Geografia é uma ciência global e abrangente, e somente o olhar geográfico aguçado consegue identificar determinados processos, sejam naturais ou sócio-espaciais. Vale ressaltar também os importantes estudos do professor Jurandyr Ross, que se dedicou a mapear, de forma bastante detalhada, o relevo brasileiro além das inúmeras publicações do professor doutor José William Vesentini que se tornaram referência no estudo da Geografia no Brasil.
Epistemologia (Teoria do conhecimento)
- (Filosofia) Teoria do conhecimento. Estudo que visa explicar a origem, justificação e fundamentação do conhecimento.
Teoria de Platão abrange o conhecimento teórico, o saber que. Tal tipo de conhecimento é o conjunto de todas aquelas informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Este conhecimento consiste em descrever, explicar e predizer uma realidade isto é, analisar o que ocorre, determinar por que ocorre dessa forma e utilizar estes conhecimentos para antecipar uma realidade futura.
A Geografia como ciência surge sob forte influência do Positivismo Lógico. E essa condição se expressa em grande parte nos estudos de geografia até hoje. Entretanto, a Ciência evoluiu e transformou as suas orientações teórico-metodológicas.
Sobre a sua epistemologia, é proverbial ressaltar um problema não só da geografia, como também de todas as ciências ambientais: Os recursos metodológicos utilizados na verificação dos postulados ou estudos geográficos são oriundos aos primeiros passos do naturalismo (Humboldt e Ritter).
É fácil concluir que em detrimento de diversas mudanças na temática ambiental, as ciências ambientais não poderiam utilizar recursos verificatórios de um lapso cronológico em que a vertente ambiental não provia atenção alguma da mídia e menos ainda dos poderes políticos, que enxergavam apenas o fortalecimento de suas economias em função de uma interminável exploração e esgotamento dos recursos naturais. Então, é extremamente necessário pensar em uma nova epistemologia, não só para geografia, mas para as demais ciências autodenominadas "ambientais".
http://literatortura.com/2012/09/03/o-positivismo-logico-e-o-sentido-da-metafisica/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia
http://www.brasilescola.com/sociologia/positivismo.htm
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