terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A História do pensamento geográfico

      
O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir.
Milton Santos

Visão geral


A geografia é uma ciência que estuda a relação entre a terra e seus habitantes. 

 A palavra "geografia" vem do grego geographía (γεογραπηία), que significa: descrição da Terra.

A geografia depende muito de outras áreas para obter informações básicas, especialmente em alguns ramos especializados,  isto é, da relação entre os seres vivos  e seu meio ambiente.

Ontologia trata do "ser enquanto ser"


 Ratzel afirma que a Geografia estuda as relações recíprocas entre sociedade e meio, entre a vida e o palco de seus acontecimentos. Porém o determinismo foi uma teoria reducionista do pensamento do alemão Friedrich Ratzel, que dizia que o meio influencia, mas não que determinava o homem. muito provavelmente esta teoria tenha sido criada por políticos e militares de uma classe hegemônica-dominante-europeia para justificar a exploração em suas colônias. 

Tanto que para os geógrafos mais esclarecidos, o possibilismo de Vidal de La Blache (teoria que vem a dizer que o homem tem a possibilidade de intervir no meio), seria na verdade uma complementação, uma continuação da teoria de Ratzel e não uma oposição, como a maioria enxerga e ensina, de forma simplista.

Filósofos que buscaram criar uma ontologia (conceito) marxista, como Georg Lukács, influenciaram a construção de um modelo de análise do objeto da Geografia.

 Milton Santos se debruçou sobre a construção de um modelo ontológico, explicitado na análise dialética do movimento da totalidade para o lugar.

Princípios básicos

O estudo da geografia compreende quatro linhas de investigação principais. São elas:
  • a localização de acidentes geográficos, localidades e povos;
  • a descrição das diversas partes do mundo e o estudo das diferenças existentes entre elas;
  • a explicação da origem dos diferentes acidentes geográficos do globo terrestre;
  • o estabelecimentos de relações espaciais entre os acidentes e regiões.

Localização

Uma das principais tarefas da geografia é dizer onde se situam as diferentes localidades do mundo e interpretar as vantagens e as desvantagens da localização. Assim que o homem começou a se afastar dos limites da sua casa, precisou medir as distâncias e registrar essas medidas.(mapas)

Relações espaciais

Os geógrafos limitam seu estudo às relações espaciais entre os pontos da Terra. Por exemplo, estudam como crescimento de uma cidade dependeu de um rio, e como a água do rio foi afetada pela cidade. Os geógrafos encaram os seres humanos em suas relações espaciais, assim como os historiadores vêem a vida humana em suas relações temporais.

História do pensamento geográfico

A história do pensamento geográfico se inicia com:

a) Com os gregos, os quais foram a primeira cultura conhecida a explorar activamente a Geografia como ciência e filosofia, sendos os maiores contribuintes Tales de MiletoHeródotoEratóstenesHiparcoAristóteles,Estrabão e Ptolomeu.

b) A cartografia feita pelos romanos, à medida que exploravam novas terras, incluía novas técnicas.

c) Durante a Renascença e ao longo dos séculos XVI e XVII, as grandes viagens de exploração reavivaram o desejo de bases teóricas mais sólidas e de informação mais detalhada. 
Exemplo: O mapa-mundo de Gerardo Mercator

d) Durante o século XVIII, a Geografia foi sendo discretamente reconhecida como disciplina e tornou-se parte dos currículos universitários. 

Nos séculos 19 e 20 a Geo passou por 04 fases importantes: 

1) Determinismo geográfico:

Defendia que as características dos povos se devem à influência do meio natural. Ou seja o meio determina o homem. Deterministas proeminentes foram Carl RitterEllen Churchill Semple e Ellsworth Huntington.  

2) Geografia regional: 

Representou a reafirmação de que os aspectos próprios da Geografia eram o espaço e os lugares. 
Os geógrafos regionais dedicaram-se à recolha de informação descritiva sobre lugares, bem como aos métodos mais adequados para dividir a Terra em regiões (criando uma visão reducionista). As bases filosóficas foram desenvolvidas por Vidal de La Blache e Richard Hartshorne.

3) Revolução quantitativa:  

Foi a tentativa de a Geografia se redefinir como ciência.  Os revolucionários quantitativos, declaravam que o propósito da Geografia era o de testar as leis gerais do arranjo espacial dos fenômenos. Adotaram a filosofia do neopositivismo ou positivismo lógico das ciências naturais (marcado por uma postura anti-metafísica. Sabendo disso, podemos entender que os principais pseudo-problemas citados por eles são os problemas metafísicos, como, por exemplo, a existência de um mundo sobrenatural. Segundo eles, problemas como esses não tinham significado e, por isso, não poderiam ser investigados; debater sobre eles seria inútil) e viraram-se para a Matemática - especialmente a estatística - como um modo de provar hipóteses. A revolução quantitativa fez o trabalho de campo para o desenvolvimento dos sistemas de informação geográfica. 

Neste caso, é bom lembrar que a geografia em seu início com Humboldt, Ratzel, Ritter, La Blache, Hartshorne e outros já se utilizava de métodos positivistas ( os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética) , e a mudança de paradigma que ocorreu com a matematização do espaço foi a da inclusão da informática para a quantificação dos dados, pelo método neopositivista, por volta dos anos 1950 no Brasil.

4)  Geografia radical.
O primeiro sinal do surgimento da Geografia Radical foi a Geografia Humanista. A partir do Existencialismo e da Fenomenologia, os geógrafos humanistas (como Yi-Fu Tuan) debruçaram-se sobre o sentimento de, e da relação com, lugares. Mais influente foi a Geografia Marxista, que aplicou as teorias sociais de Karl Marx e dos seus seguidores aos fenómenos geográficos.
A Geografia feminista é, como o nome sugere, o uso de ideias do feminismo em contexto geográfico. A mais recente estirpe da Geografia Radical é a geografia pós-modernista, que emprega as ideias do pós-modernismo e teorias pós-estruturalistas para explorar a construção social de relações espaciais.
Quanto ao conhecimento geográfico no Brasil, não se pode deixar de observar a grande importância e influência do Geógrafo mais reconhecido do país seguido de Aziz Ab'Saber e seu pioneirismo, não por profissão, mas por méritos, Milton Santos. Com várias publicações, Milton Santos, tornou-se o pai da Geografia Crítica que faz análises e fenomenológicas dos fatos e incidências de casos. Isso é importante, visto que a Geografia é uma ciência global e abrangente, e somente o olhar geográfico aguçado consegue identificar determinados processos, sejam naturais ou sócio-espaciais. Vale ressaltar também os importantes estudos do professor Jurandyr Ross, que se dedicou a mapear, de forma bastante detalhada, o relevo brasileiro além das inúmeras publicações do professor doutor José William Vesentini que se tornaram referência no estudo da Geografia no Brasil.

Epistemologia (Teoria do conhecimento)

  1. (Filosofia) Teoria do conhecimento. Estudo que visa explicar a origem, justificação e fundamentação do conhecimento.

Teoria de Platão abrange o conhecimento teórico, o saber que. Tal tipo de conhecimento é o conjunto de todas aquelas informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Este conhecimento consiste em descrever, explicar e predizer uma realidade isto é, analisar o que ocorre, determinar por que ocorre dessa forma e utilizar estes conhecimentos para antecipar uma realidade futura.
A Geografia como ciência surge sob forte influência do Positivismo Lógico. E essa condição se expressa em grande parte nos estudos de geografia até hoje. Entretanto, a Ciência evoluiu e transformou as suas orientações teórico-metodológicas.
Sobre a sua epistemologia, é proverbial ressaltar um problema não só da geografia, como também de todas as ciências ambientais: Os recursos metodológicos utilizados na verificação dos postulados ou estudos geográficos são oriundos aos primeiros passos do naturalismo (Humboldt e Ritter).
É fácil concluir que em detrimento de diversas mudanças na temática ambiental, as ciências ambientais não poderiam utilizar recursos verificatórios de um lapso cronológico em que a vertente ambiental não provia atenção alguma da mídia e menos ainda dos poderes políticos, que enxergavam apenas o fortalecimento de suas economias em função de uma interminável exploração e esgotamento dos recursos naturais. Então, é extremamente necessário pensar em uma nova epistemologia, não só para geografia, mas para as demais ciências autodenominadas "ambientais".


http://literatortura.com/2012/09/03/o-positivismo-logico-e-o-sentido-da-metafisica/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia
http://www.brasilescola.com/sociologia/positivismo.htm

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