2014 - 50 anos do Golpe Militar - Parte I
Sempre que surge uma crise no Brasil, os arautos do conservadorismo e da desinformação "com o perdão da palavra", adoram afirmar: “na época dos militares isso não teria acontecido”
Paz sem voz não é paz é medo! |
Com o regime militar, desenvolveu-se através do PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo) políticas de estabilização econômica e, em conjunto, com transformações institucionais, principalmente no mercado financeiro, como por exemplo; a criação da correção monetária e do Banco Central, de certa maneira, prepara a economia para o milagre econômico e, também, aprofunda as características de um modelo econômico dependente e associado ao capital estrangeiro mantendo a matriz industrial implementada com o Plano de Metas.
A literatura econômica considera milagre econômico, entre 68 e 73, período mais funesto da ditadra militar brasileira:
a) taxas de crescimento acima de 10% ao ano, isso se deveu a reorganização do sistema financeiro brasileiro bem como a alta liquidez internacional e beneficiou-se do grande crescimento do comércio mundial e sua abertura comercial e financeira em relação ao exterior.
b) Paralelamente, agravaram-se as questões sociais, com o aumento da concentração de renda e deterioração de importantes indicadores de bem-estar social.
c) O milagre aprofundou as contradições estruturais e aprofundou e os problemas decorrentes de sua enorme dependência em relação ao capital internacional.
A partir de 74, com a posse do general Geisel, seu grande desafio era dar prosseguimento ao crescimento econômico obtido no período anterior
a) Mas internamente, havia clamores e manifestações para distensão política e, externamente, ocorreu o primeiro choque dos preços do petróleo e mais adiante uma elevação da taxa de juros norte-americana e outro choque dos preços do petróleo, mas a decisão de governo era a chamada “fuga para frente” ou como afirmaria o saudoso professor Barros de Castro, decidiu-se conduzir a economia brasileira em “marcha forçada”, com objetivos claros, inclusive, de justificar o golpe, haja vista, as tensões políticas e socais.
b) O financiamento para viabilizar o Brasil potência em boa parte era realizado com empréstimos externos, via “petrodólares”, estava direcionado em sua grande maioria, as empresas produtores de bens de capital com forte apoio e regulação estatal. gerando a dívida externa.
c) A década de 80 foi para os países da periferia e para o Brasil, um período adverso, caracterizado pelo que se convencionou chamar de crise da dívida. Segundo Davidoff, um estudioso da economia brasileira e da dívida externa, “a economia brasileira foi “capturada” juntamente com várias outras economias, num movimento geral do capital financeiro internacional em busca de oportunidades de valorização.”
d) Ou seja, principalmente durante o milagre ocorreu uma captação de recursos no exterior e seu repasse para empresas de dentro do país, sem uma necessidade estrita de empréstimos externos.
Portanto, o grande legado deixado pela ditadura, além é claro, da ausência de políticas públicas e sociais sem contar a censura, torturas, concentração de renda e da riqueza, atos institucionais etc., foram também, os constantes constrangimentos externos e forte processo inflacionário em ascensão. A crise da dívida externa desestruturou profundamente a economia brasileira, desestruturação essa, que sentimos e vivemos seus resquícios até os dias atuais.
fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/a-economia-na-ditadura